sábado, 16 de julho de 2011

Realidade

         Ela estava ali, totalmente parada com os olhos arregalados me fitando com uma expressão de angústia e dor. Assustei-me com tamanha diferença, com tão grande transformação física que ela teria passado, meu olhar passava analisando suas expressões irreconhecíveis. Os seus olhos estavam pequenos e aparentavam tristeza, as olheiras fundas e escuras estavam super perceptíveis e era impossível não reparar, sua boca fechada estava sem cor, sem sinal nenhum de sorriso ou qualquer ação, suas bochechas estavam um pouco maiores, vestia uma camiseta larga e uma calça jeans simples, sem mostrar o corpo e calçava um all-star, tênis que ela sempre gostou, talvez seja a única coisa que tinha permanecido igual depois de tantas mudanças.  As lembranças começaram a vagar livremente sobre a minha mente, me fazendo esquecer de todo aquele momento... Trazia a memória antigas situações que eu me lembrava de seu rosto e automaticamente comparava com o que eu tinha acabado de presenciar. Aquela garota feliz, sorridente, falante, de nariz em pé e determinada a tudo que ansiava tinha se transformado numa pessoa sem brilho, sem vida, sem cor, calada, a tristeza era algo que quase estava estampado em sua testa, era triste ver aquilo.
            Ainda sem palavras, voltei em si fitando meus olhos no dela e me surpreendi com uma lágrima que escorria pelo seu rosto. Após tantos anos de convivência, nunca a tinha visto chorar daquela maneira, ela chorava ali sem expressão, sua boca não se mexia e nem os músculos do seu rosto, apenas as lágrimas caíam e se eu não a conhecesse tanto, não saberia que aquele choro significava um grito desesperado de: “Não estou agüentando mais tudo isso!”.
            Seu olhar me angustiava, toda aquela situação também, eu não sabia o que fazer, pra onde correr, pois a fuga seria em vão.
            Passei a mão nos olhos, na esperança de limpar todas as lágrimas, saí de frente do espelho, o meu coração palpitava de desespero, e tentava engolir os soluços que estavam começando a surgir. Fui ao banheiro, silenciosamente, temendo que alguém me visse daquela maneira, lavei meu rosto e me recompus. Não tive dó de meu pó compacto, passei abundantemente tentando esconder minhas olheiras de cansaço e passei um batom por cima pra dar uma corzinha.
        Passei a mão pelos cabelos arrumando para o lado, fui pegando minha bolsa, arrumando as bagunças que estavam por onde passava, ao abrir a porta do meu quarto suspirei fundo colocando um sorriso falso no rosto e uma felicidade fingida nos olhos, era insignificante, mas já era o bastante para as pessoas nunca verem aquilo que eu jamais, em qualquer circunstancia quis mostrar.                                                                           
                                                                                                                            (Giovana Girotto)                             

5 comentários:

Blog UaiMeu! disse...

Texto interessante vc tem uma boa percepção das coisas!
Venha conferir nosso blog tbm!
Abraços
http://uaimeu10.blogspot.com/

Luís Paz disse...

Ótimo texto, com uma textualidade bem interessante ^^

Aê, to te seguindo, se puder segue de volta e comenta ^^

www.luliskd.blogspot.com

Garcez disse...

a maneira com que voce descreve as cenas me lembra Paulo Coelho no livro "o Diario de um Mago"

abraços
.
www.ouvindoparalamas.blogspot.com
.

Bianca Diniz disse...

adorei... seguindo segue tmb ?
http://meumundonaoerosa.blogspot.com/

blogthaissantos disse...

Adorei o seu blog e estamos te seguindo.
Espero que você dê uma passadinha no nosso e siga-nos!
Aposto que você vai amar :)
Um beijo.

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